Meu pai me fala que desde pequena, eu sempre pensei mais nos outros do que em mim.Do tipo, se algum amigo ou amiga tem um problema, eu faço do problema dela o meu. Eu já tinha reparado nisso, milhares de vezes, algumas delas foi até brigando com meu pai ou com a minha mãe, porque minha amiga não tinha como ir e não custava nada fazer uma – ou cinco? - voltinha a mais pra tornar as coisas mais fáceis. Talvez vocês nem entendam o que eu estou tentando dizer, eu escrevo muitas vezes coisas que ficam subentendidas e nessa bagunça, só eu compreendo – ás vezes nem eu.
Em inúmeras dessas minhas experiências em salvar os outros, analisei que talvez eu seja uma pessoa boa como amiga, que isso podia ser uma qualidade. Meu pai, como sempre, vem contra. Diz que deixo de me preocupar comigo e acabo esquecendo de que eu tenho meus problemas também e que nem todos os que eu ajudei fizeram metade do que eu fiz por eles. Hoje, eu venho falar disso.
Da decepção de ver como tu faz coisas pros outros e que na hora de fazerem por ti, fica só na esperança. É nessas vezes que eu dou o braço a torcer pro meu pai; isso pode ser mesmo um defeito. Não sei se é o meu excesso de preocupação pelos outros ou a miopia dos outros que não os deixam ver que, em muitas vezes, precisam se doar um pouco pra quem sempre te ajuda.
Só perguntar se eu to bem, se eu resolvi o problema que tava me estressando, perguntar se eu preciso de ajuda pra resolver, se tem alguma coisa que possa fazer por mim, me escutar e falar alguma coisa depois. Não simplesmente ouvir e quando acabar, falar dos teus problemas, isso mostra o pouco de atenção que tu dá pros meus problemas.
Eu sei que pra muita gente que lê isso, parece que eu to reclamando que não fazem o mesmo por mim. Na verdade, não quero que sejam como eu sou, só quero um pouco de consideração, só isso. Não precisam ser exagerados como eu, tornar o meu problema o teu, NÃO! Eu só quero um pouco de palavras, um pouco de silêncio, um pouco de ação da tua parte.
Enfim, era pra ser um desabafo e foi.
Continuo me achando uma ótima amiga, pros que merecem ou não. Continuarei a fazer o que sempre fiz, a me preocupar tanto com os outros e muitas vezes, até antes de me preocupar comigo. Sinto muito, pai.